O tempo foge-me entre os dedos. O que quero fazer, não faço. Tento, mas não consigo. Os dias voam. Não sei para onde foram estes primeiros meses e nada do que me decidi fazer, naquela ébria passagem de ano, foi feito. Talvez tenha elevado demasiado a fasquia, talvez o que procuro não dê para encontrar.
Já estamos quase, quase a meio do ano e nada avança, a não ser os ponteiros, ou os números, dependendo se é o relógio analógico de pulso ou o digital da mesa de cabeceira. O relógio não para e o calendário atormenta-me.
Mas o tempo é relativo.
Partiste nessa passagem de ano. Um ano fora, disseste. Passa rápido, disseste. Mas não passa. O tempo arrasta-se. Os dias teimam em passar devagar e dos meses nem falo.
Já me torço e retorço enquanto espero o teu retorno e já desespero que tu não chegas. Não aguento mais esta espera.
Ainda estamos quase, quase a meio do ano e eu conto os minutos, um a um, no tic-tac do ponteiro, ou no lânguido deslizar dos números, dependendo se é no relógio analógico de pulso ou no digital da mesa de cabeceira.
O relógio não anda e o calendário atormenta-me.
Perco-me neste paradoxo. O tempo foge e não faço o que devo fazer, o tempo urge, para resolver o que tem de ser resolvido, e o tempo arrasta-se, lentamente, como uma lagarta numa folha de couve num dia de sol, para te ter de volta aqui.
Dê por onde der, passe o tempo rápida ou lentamente, nada altera o facto de estarmos quase, quase a meio do ano.
[Texto d' "A Velha
Escrita" sob o tema "Quase, quase a meio do ano"]
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