DESPEDIDA
- Já não me lembrava de te ver tão em paz. Quantos foram os anos do teu sofrimento, a lutar contra esse cancro que te levou de mim? Perdi a conta. Agora olho para ti e vejo-te como que a dormir um sono sossegado, como fazias antes da doença, como não te via fazer há tanto tempo. Este caixão é a tua última cama, e está tão distante do nosso quarto, das nossas noites de amor, da nossa vida que parecia não ter fim e que acabou demasiado cedo. - Ele está num sítio bom, já não sofre, e está feliz. - Olá, Diogo, há muito tempo que não te via. - Olá, Diana. Há muito tempo, mesmo, mas tinha de cá vir para te ver. - Fizeste bem. É sempre boa a companhia de uma cara amiga. - Não te preocupes pelo Carlos, ele passou um mau bocado, mas agora está bem. - Ó Diogo, tu sabes que eu não sou de religiões. - Mas eu não te estou a falar de religião. A Natureza é assim. - Eu sei que sempre tiveste inclinação para o sobrenatural, mas agora não me ajudas com essas conversas. O Carlos já não