O Verão acabava, mas, como os dois anteriores, acabava inacabado, acabava sem o fim que outrora tiveram os Verões, o fim infindável que parecia que nunca seria o fim definitivo, e que agora apenas era o fim ausente, o fim que não era fim destes Verões incompletos.
Agora despedia-se do Verão a sós, sentado na toalha para dois, apenas com um par de chinelos ao lado. Já não a tinha ali, como no fim de incontáveis outros Verões, que agora pareciam tão poucos, e os poucos que agora terminavam pareciam tantos. Apenas a memória de um sorriso era suficiente para o levar de volta ao lugar onde terminara o último Verão completo, onde, pela última vez, partilhara o pôr do sol ao som ritmado das ondas. “A vida continua”, diziam-lhe, e com razão, a vida continuava, sim, todos os dias, um por um, mas os Verões, esses, jamais voltariam a ser completos.
[Texto d' "A Velha Escrita" sob o tema "Verões incompletos"]
Que lindo texto!!!
ResponderEliminarVerões que ficam para as vidas!
ResponderEliminarOs Verões da nossa memória!
ResponderEliminarEramos tão felizes e não sabiamos e o tempo esse falso "amigo" que não podemos comprar, não podemos dominar e só depois de passar é que nos diz realmente como o deveriamos ter vivido.
Bom trabalho