RUMBA

As férias chegavam ao fim. Já poucos dias restavam para apreciar o sol e poucas noites para sentir o bafo quente de agosto. O alpendre, em madeira, rangia suavemente sob os seus pés. A noite estava amena. A temperatura descera, ligeiramente, e tornara-se um pouquinho mais suportável. Cercava-o uma mistura de natureza e urbanismo, embora estivesse ligeiramente afastado da metrópole mais próxima.

Com um copo de rum na mão, sentou-se na cadeira de palha, desbotada pelo forte sol que a banhava há anos. Ao longe ouvia os sons da Rumba. Os locais festejavam alguma coisa. Nunca fora muito dado a danças. Apreciava ver, mas mantinha-se sempre à parte recusando todos os convites.

O som trazia-lhe memórias recentes. Lembrava-o dela. De a conhecer. De admirar a sua forma graciosa a oscilar ao som dos ritmos. Da pele bronzeada e do cabelo negro, solto, que acompanhava os movimentos do corpo com uma fluidez hipnotizante.

Na mesinha ao lado estava a caixa de charutos. Nunca fora muito de fumar e ainda não tivera a coragem de pegar num. Recostou-se. Rodou o líquido no copo, lentamente. Sentiu o aroma e deixou-o deslizar, numa pequena porção, para a boca. Apreciou o sabor e, calmamente, engoliu-o.

Ela não demoraria a chegar. Quem diria que, naquelas férias em Cuba, conheceria a mulher que lhe iria arrebatar o coração.

Fora uma decisão difícil, escolher este destino para férias, mas mostrara-se a mais acertada. Quase acreditava no destino, pois só poderia ter sido isso que o levara a trocar as praias do Algarve pelo interior do Alentejo.

 

Desafio lançado por Maria Seco a 08/04/2024

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